sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A Feiticeira da Guerra (Rebelle) - Kim Nguyen (2012)


A Feiticeira da Guerra conta a história de Komona, uma menina de 12 anos que é roubada de sua aldeia para viver com soldados revolucionários que guerreiam contra o governo. O país onde se passa o filme não é explicitado, mas sabemos que é algum país da África negra que foi colonizado pela França (falam francês).
Já de início Komona tem que enfrentar uma difícil escolha, pois os revolucionários que invadem a aldeia a obrigam a matar seus pais com uma metralhadora (ou do contrário eles os matariam a facadas). Seu pai, abraçado à sua mãe, a encoraja. Sua mãe a olha. E ela executa a tarefa.

Lendo a sinopse do filme e não procurando mais textos críticos sobre ele, eu comecei a assisti-lo preparada para assistir a cenas fortes, muita violência e possivelmente até cenas de estupro. Porém, o filme me surpreendeu positivamente nesse quesito. Há algumas cenas de violência, a história que a menina vive é de fato muito triste, mas há também cenas que me fizeram sorrir.


Depois que ela e outras crianças são raptadas pelos revolucionários, eles passam a viver com eles e a ter que aprender a usar armas. Antes da primeira batalha as crianças tomam a seiva de uma árvore e sob o efeito dela, Komona vê os fantasmas de seus pais que a alertam do perigo fazendo com que ela fuja e se salve no meio das balas cruzadas da batalha.
Eu tenho que chamar a atenção para a representação dos fantasmas que eu achei fantásticas: são pessoas negras todas pintadas e vestidas  de branco. Essa imagem consegue ser ao mesmo tempo assustadora para uma criança (mas não tanto como fantasmas do tipo Sexto Sentido) e esteticamente linda.

Por conta de ter conseguido se salvar, Komona é considerada uma feiticeira pelos revolucionários, o que faz com que eles deixem de agredi-la afim de que ela sempre possa alertá-los quando os soldados do governos estivessem se aproximando. E assim, Komona consegue sobreviver naquele meio.


Depois de uma grande batalha contra o governo, Komona (agora com 13 ou 14 anos) e seu amigo Mágico, um menino albino, fogem dos revolucionários. A partir desse momento começam algumas cenas mais leves e bonitas. Aquelas, que me fizeram sorrir.
Porém o medo, a expectativa de que os revolucionários voltem para buscar Komona é mantido (ao menos para mim). Não é possível ser feliz na guerra. Era sempre um sorriso com medo de que logo acabasse de sorrir.

Assim nós acompanhamos a transformação de Komona de uma simples menina para uma mulher guerreira e forte. A vida, a guerra, os seus raptores, a obrigaram a virar guerreira, mas ela nunca perde a doçura.


Há uma fala da narração de Komona que mostra o quanto a guerra é terrível e me marcou profundamente. Termino esse texto com ela:
"O tio do Mágico é o açougueiro da aldeia. Ele tem sempre um balde vazio ao seu lado, enquanto corta a carne. Pois, sempre que corta essa carne com seu facão, lembra o que aconteceu à sua família e sente vontade de vomitar."
As imagens, enquanto ela narra, são dele cortando as carnes.

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